segunda-feira, 1 de março de 2010

De quadro à quadro, nem sempre a galinha entende o filme

“Deve-se aprender a entender que a montagem significa, de fato, a direção deliberada e compulsória dos pensamentos e associações do espectador. Se a montagem for uma mera combinação descontrolada de várias partes, o espectador não entenderá (apreenderá) nada; ao passo que se ela for coordenada de acordo com o fluxo de eventos definitivamente selecionados, ou com uma linha conceitual, seja ele movimentado ou tranquilo, a montagem conseguirá excitar ou tranquilizar o espectador.”
V. Pudovkin - A técnica do cinema - 1926

Se analisarmos DINGBATS pela escola clássica do cinema, não iremos encontrar um produto cinematografico formal, construído sob a ótica do cinema narrativo. De certa forma, este filme não é um filme. Não há história, não há personagens, não há enredo. Há somente um tema: Fontes digitais de computador. Sob este aspecto, realmente não há dramaturgia mínima para despertar a cadeia de emoções tão explorada pela cinematografia mundial. De certo, há a minha narrativa. A pesquisa se baseia nas imagens que eu conheço. A regra que me propus é bem clara: Não utilizar nenhuma imagem, logo ou símbolo que não reconhecesse.

Não há uma divisão temporal, nem cronológica para a exibição das imagens. Elas estão conectadas muitas vezes pela forma como por associação à outros elementos, numa tentativa de estimular uma conexão entre os quadros. A experimentação está neste sentido.

“A construção de uma cena a partir de planos, de uma sequencia a partir de cenas, de uma parte inteira de um filme, a partir de seqüências e assim por diante, chama-se montagem.”
V. Pudovkin - A técnica do cinema - 1926

Este conceito acima, na minha opinião é incompleto. Ele exclui os quadros como elementos da composição da montagem. A animação é um campo do cinema onde cada quadro é importante para o entendimento do plano, da cena, da seqüência, e por fim do filme como um todo. Realmente não é necessário que o espectador observe cada quadro especificamente, mas também não há filmes que estimulem essa tarefa no espectador.

“A ação rápida, a açao insólita, a ação repetida, a ação inesperada, a ação de forte impacto exterior mais uma vez toma conta da nossa mente e abala o equilíbrio mental.”

Hugo Munsterberg - film: A Psychological Study -

1970

DINGBATS é uma animação sensorial. Seria interessante pesquisar quais as relações mentais que os espectadores realizam ao combinar as diferentes formas, signos e significados. Creio que este filme busca lidar com as diferentes formas de percepção cinematografica , exercitando a Atenção dos Espectadores. Então não busque entender, tente sentir alguma coisa, pois você sentirá por vontade própria ou involuntariamente.

“ A atenção é, de todas as funções internas que criam o significado do mundo exterior, a mais fundamental. Selecionando o que é significativo e relevante, fazemos com que o caos das impressões que nos cercam se organize e um verdadeiro cosmos de experiencias.”

Hugo Munsterberg - film: A Psychological Study -

1970